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Terapia Miofascial na paralisia facial







As pessoas com paralisia facial têm uma nova chance de reabilitação dos movimentos do rosto. Até este mês, uma técnica chamada terapia miofacial, desenvolvida na Divisão de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, utilizada em conjunto com a aplicação de toxina botulínica já reabilitou cerca de 50 pacientes que conviviam há mais de dois anos com esse estigma.

Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), traumas graves e tumores - como o câncer na glândula parótida - são algumas das principais causas da paralisia facial. Não existem dados seguros sobre a incidência desses casos, mas o HC recebe cerca de 70 pacientes por mês com o problema.

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Uma das cirurgias reparadoras mais utilizadas normalmente enxerta um músculo e um nervo retirados da perna do próprio paciente para a reanimação dos movimentos faciais. O procedimento, no entanto, não garante que a funcionalidade dos músculos atingidos pela paralisia seja retomada.

A terapia miofacial, criada pela fonoaudióloga Paula Nunes Toledo, do HC, utiliza movimentos manuais nos músculos da face para estimulá-los a se tornar novamente ativos. A técnica, que se assemelha a uma massagem, funciona como uma espécie de aula para que esse músculo reaprenda sua função. "Ensino o músculo a fazer novamente os movimentos", diz a fonoaudióloga.

Não só ele. O nervo enxertado cresce cerca de um milímetro por dia, mas, se não for estimulado, não assumirá a função de conduzir impulso elétrico ao músculo. "Ele precisa ser orientado para onde crescer", diz Paula.

O tratamento inicial dura quatro sessões, uma por semana. Depois passa a ser feito uma vez por mês. Durante essa fase, é aplicada a toxina botulínica para suavizar as conseqüências da paralisia. O efeito da toxina pode durar até seis meses. Após esse período, outra aplicação é feita. "A terapia gera funcionalidade e qualidade de vida para o paciente afetado", diz Paula.

Quando um dos lados do rosto é afetado, o outro tende a assumir as funções da área paralisada para tentar compensar a falta de ação na região lesionada. O resultado desse desequilíbrio é a alteração da aparência do paciente. Boca torta pálpebra caída e enrugamento da face são alguns exemplos. "A toxina botulínica, utilizada com a terapia miofacial, consegue acelerar a recuperação", diz a cirurgiã plástica Alessandra Grassi Salles, do HC.

A recuperação depende também do tempo que o paciente demora para buscar ajuda. A cirurgiã explica que o tratamento precisa ser iniciado o mais rápido possível e que deve ser multidisciplinar. "Não adianta fazer apenas a aplicação da toxina botulínica sem a reabilitação da terapia miofacial", diz.

Contra o estigma - Os efeitos da paralisia facial podem causar problemas funcionais, como alteração da fala e da capacidade de fazer coisas aparentemente simples, como mastigar. O estigma, no entanto, é uma dos piores conseqüências apontadas pelos pacientes.

Durante quatro anos, Marlene de Souza Nakamura, de 56 anos, não saiu de casa. Não ia sequer à calçada. Tinha vergonha de sua aparência, conseqüência de uma paralisia sofrida em 1995 que entortou seu rosto e afetou sua fala. Os médicos nunca conseguiram diagnosticar a causa.

Casada e mãe de dois filhos, Marlene evitava até mesmo se olhar no espelho. Durante essa fase, abandonou qualquer tipo de vaidade. "Tinha receio de comer na frente de outras pessoas e não passava nem mesmo um batom", afirma.

Marlene foi uma das primeiras a passar pelo tratamento no HC. "Fiz a cirurgia de enxerto de músculo e do nervo, mas melhorei mesmo depois do tratamento", diz. "Agora posso me olhar no espelho, pois me considero normal."

O período de reclusão da babá Josefa Alves Costa de Carvalho, de 50 anos, foi menor, um ano. Mas, nem por isso, menos sofrido. Após uma operação para retirada de um tumor na parótida, em 1999, perdeu os movimentos do lado direito do rosto - de acordo com os especialistas, nesse tipo de procedimento é normal que isso aconteça.

Junto com o problema veio a depressão. Com vergonha, Josefa passou a sair raramente de sua casa. Um dos primeiros resultados foi o fim de seu casamento. "Se saísse, não comia na rua, pois achava que todo mundo estava me olhando", diz.

Para o cirurgião plástico Marcus Castro Ferreira, chefe da Divisão de Cirurgia Plástica e Queimados do Hospital das Clínicas, o serviço público deveria oferecer mais locais de tratamento multidisciplinar em cirurgia plástica. Ferreira afirma já ter enviado uma proposta de criação de centros de tratamento para a Secretaria de Estado da Saúde. "Além da cirurgia plástica, esses pacientes precisam de acompanhamento", diz.

Espero que você tenha gostado do texto.

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