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Resumo de Paralisia Facial Periférica





Paralisia Facial | O Que É. Quais os Sintomas. | Córtex 

A face revela o íntimo de nossa expressão e é parte essencial da comunicação humana.

Além disso, a importância cada vez maior que a sociedade dos tempos atuais dá à estética relaciona-se diretamente com a aparência facial, pois a face é o "local" onde mais nos expomos ao meio e os seus traços marcam a nossa individualidade.

Todo esse envolvimento acha-se diretamente ligado à psique do indivíduo, já que qualquer alteração na mímica e na aparência da face causa problemas psíquicos de extrema importância no homem, o qual, na grande maioria das vezes, altera o seu comportamento social em prejuízo do trabalho e da coexistência com aqueles que o rodeiam. Essa interação psico social só se torna possível através da integridade do nervo facial com a musculatura cutânea da face.

Dessa integridade dependem também funções fisiológicas muito importantes, tais como o lacrimejamento, uma vez que o nervo facial é responsável pela inervação motora do saco lacrimal e da pálpebra, podendo acarretar, com a perda de tais funções, úlcera de córnea e a conseqüente cegueira.O reflexo do músculo do estribo, inervado por seu ramo estapediano, é o responsável pela proteção do ouvido interno contra os sons de alta intensidade. O nervo corda do tímpano, outro ramo do nervo facial, é o responsável pela sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua e pela inervação motora da glândula submandibular e glândulas salivares menores. A movimentação voluntária e o tônus da musculatura da boca reveste-se de extrema importância, quer na alimentação, quer na ingestão de líquidos, e a perda dessa função acarreta terríveis dificuldades ao processo alimentar. A essas funções, junta-se a sensibilidade táctil das regiões do pescoço, retro-auricular e pavilhão auricular que são inervadas sensitivamente por seu ramo cervical, importantes também na libido humana.

NOÇÕES DE ANATOMIA E FISIOLOGIA

O nervo facial, sétimo par craniano, é um nervo misto, motor e sensitivo, que tem como função principal a inervação de todos os músculos da mímica facial, exceto aqueles inerentes à mastigação que são inervados pelo quinto par craniano (nervo trigêmio). Das aproximadamente 7000 fibras do nervo facial as motoras são 58%, as préganglionares para lacrimejamento e salivação 24% e as da gustação e as outras sensitivas 18%.

O nervo facial tem íntima relação com as estruturas do ouvido e apresenta os seguintes segmentos:

SEGMENTO INTRACRANIANO

O facial e o intermédio cruzam a fossa posterior craniana no sentido anterolateral medindo neste segmento de 12 a 14 mm..

No fundo do canal (lateralmente) penetra no canal de Falópio, um canal ósseo de aproximadamente 40 mm de comprimento que termina no forame estilo-mastoideo

No canal de Falópio, o mais longo trecho intra-ósseo que um nervo periférico percorre no organismo, o nervo facial apresenta 3 segmentos:

SEGMENTO LABIRÍNTICO

Se inicia no fundo do conduto auditivo interno e termina no gânglio geniculado, mede aproximadamente 6 mm. Neste trecho o canal é mais estreito contendo praticamente só o nervo. No início deste trecho existe um ligamento fibroso que abraça o nervo facial e que é muito importante fisiopatologicamente.

SEGMENTO TIMPÂNICO

O segmento timpânico se estende do gânglio geniculado até o segundo joelho e mede aproximadamente 13 mm de comprimento. O nervo neste trecho cruza o ouvido médio em relação posterior com a janela oval e o estribo.

SEGMENTO MASTOÍDEO

Inicia-se no segundo joelho e termina no forame estilo mastoideo. Mede em torno de 15 mm de comprimento. O forame estilomastóideo por onde emerge nas partes moles do pescoço está localizado entre a eminência mastóidea e o processo estilóide.

No osso temporal o nervo facial apresenta 3 ramos:a- Nervo petroso superficial maior, que tem sua origem no gânglio geniculado na porção labiríntica do nervo facial e faz

a inervação motora da glândula lacrimal.b- Ramo do estapédio, que tem sua origem no ouvido médio na porção timpânica do nervo facial e inerva o músculo do estribo.

SEGMENTO EXTRATEMPORAL

Após sua emergência através do forame estilomastóideo o nervo facial apresenta um ramo, o nervo auricular posterior, que faz a inervação sensitiva de região lateral do pescoço e retro-auricular. O nervo facial ao penetrar na parótida após uma curvatura no sentido anterior, se divide em 2 grandes ramos, o têmporo-facial e o cérvico-facial, que se ramificam diferentemente de individuo para individuo, até atingir as placas neuromotoras da musculatura mímica da face.

Os principais músculos por ele inervado são o frontal, o orbicular dos olhos (responsável pelo fechamento palpebral) e o orbicular dos lábios.

Devido a este longo trajeto intracanal o nervo facial é o nervo craniano mais comumente atingido por patologias.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da paralisia facial tem 4 objetivos principais:

1) Diferenciar paralisia facial periférica de paralisia central.

2) Estabelecer uma etiologia.

3) Estabelecer o topodiagnóstico (local da lesão).

4) Saber o grau de lesão do nervo.

Para tal a anamnese bem elaborada é essencial.

Topodiagnóstico

O topodiagnóstico ou a determinação do local da lesão sempre faz-se necessário.

Exame elétrico

Os testes elétricos auxiliam na avaliação das condições fisiológicas do nervo e estabelecem o grau de disfunção. Eles também ajudam a determinar a evolução do processo.

Os testes elétricos do nervo facial são restritos na avaliação do segmento do nervo entre o forame estilomastoídeo e a musculatura da face, porém como as alterações de um nervo periférico ocorrem em todo o segmento distal à lesão é possível avaliar-se em qualquer segmento distal o grau de lesão.

Os testes de excitabilidade nervosa identificam alterações no limiar do estímulo, tendo como parâmetros a intensidade e duração.

Existem basicamente 3 testes realizados clinicamente: Teste de excitabilidade mínima (teste de Hilger), teste de excitabilidade máxima (eletroneurografia) e eletromiografia.

Exame por imagem

O exame por imagem do nervo facial é importante no diagnóstico diferencial de paralisia de Bell com outras etiologias e nos casos tumorais e traumáticos.

CLASSIFICAÇÃO

Classificamos paralisia facial periférica de acordo com sua etiologia, e as relacionamos em ordem decrescente de maior incidência em nosso meio:

A- Idiopáticas; B- Traumáticas; C- Infecciosas; D- Tumorais; E- Metabólicas; F- Congênitas; G- Vasculares; H- Tóxicas.

IDIOPÁTICAS

Paralisia de Bell

Sinomímia- Paralisia facial a frígore.

Paralisia facial idiopática.

É o tipo mais comum de paralisia facial. A incidência na população em geral é de aproximadamente 20 casos por 100000 habitantes por ano. A etiologia da paralisia de Bell permanece desconhecida, porem varias hipoteses foram sugeridas. Atualmente a teoria mais aceita é que a paralisia seja causada pelo HSV-1 (Vírus Herpes Simples)que infecta o individuo através da pele se aloja no gânglio geniculado e permanece latente até que algum fator como baixa imunidade, stress, etc.. reative o vírus e provoque uma neurite com consequente paralisia facial.

Características clínicas:

1- Paresia ou paralisia facial periférica de inicio súbito geralmente unilateral, podendo muito raramente ser bilateral. Pode ser recorrente, mas também não é frequente este achado.

Tratamento:O tratamento da paralisia de Bell é extremamente controverso, por ser uma doença de etiologia ainda não bem definida. O principal polo de discórdia é entre o tratamento clínico ou cirúrgico (descompressão do segmento intracanal do nervo).

O tratamento é realizado com corticoterapia e antivirais em altas doses.

O tratamento cirurgico é baseado na teoria da compressão isquêmica causada no nervo pelo seu confinamento no rígido canal de Falópio.

Prognóstico:Evolução para cura total sem sequelas na grande maioria dos casos. As sequelas se traduzem pela paresia de algum segmento da face, a sincinesia ou espasmo, as "lágrimas de crocodilo", que são o lacrimejar constante e os lagos lacrimais na palpebra inferior. As sequelas são mais frequentes nos pacientes idosos, pela flacidez muscular.

TRAUMÁTICAS

O nervo facial é o par craniano mais atingido por traumas. Isto se deve ao seu longo trecho intracanal que favorece a lesão traumática compressiva, principalmente nos traumas de crânio que produzem fraturas do osso temporal.

As paralisias faciais traumáticas tem se tornado importantes em nossos dias dada à sua etiologia que pode ser prevenida e a seu tratamento que está bem estabelecido.

Classificamos as paralisias traumáticas de acordo com o fator causal em:

-Causadas por Fraturas:

Do osso temporal.

Dos ossos da face.

-Causadas por projéteis de arma de fogo.

-Ferimentos corto-contusos nas partes moles da face.

-Traumas de parto.

-Iatrogênicas.

INFECCIOSAS

As etiologias são:

-Virais (herpes zooster)

-Bacterianas inespecíficas (otite média aguda e otite média crônica)

-Específicas – (tuberculose, Doença de Lyme)

TUMORAIS

A paralisia facial tumoral incide sobre as paralisias faciais em aproximadamente 5% dos casos.

Os tumores causando paralisia facial podem ser intrínsecos (de origem neurogênica) ou extrínsecos que afetam o nervo facial secundariamente.

CONGÊNITA

Paralisia facial neonatal resultante de uma malformação congênita.

METABÓLICAS

Causadas por diabete, hipotireoidismo e durante a gravidez.

VASCULARES

São formas incomuns de paralisias faciais que ocorrem na periaterite nodosa na granulomatose de Wegener e na Síndrome de Heerfordt ou Sarcoidose de Boeck. Patologicamente estas lesões mostram vasculite e granuloma necrotizante. A conduta é baseada no tratamento da síndrome.

TÓXICAS

Igualmente são formas de paralisia facial raras que se apresentam geralmente bilateral encontradas na administração de drogas que causam imunosupressão ou alterações vasculares. É mais encontrada em paciente em tratamento quimioterápico.

BIBLIOGRAFIA:

-BENTO, RF; MINITI, A.;MARONE, S. - Tratado de Otologia. EDUSP , São Paulo, 1998.

-MINITI, A.; BENTO, RF; BUTUGAN, O. - Otorrinolaringologia Clínica e Cirúrgica. Atheneu, 2001, 2.Ed.


Espero que você tenha gostado do texto.

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